Europa: solar é uma das soluções para dependência do gás natural russo, aponta AIE

Fábrica de gás Yamal, operada pela Novatek, um dos maiores produtores de gás natural da Rússia. Foto: Andrey Rudakov/Bloomberg

A dependência da Europa pelo gás natural russo foi novamente colocada em evidência após a invasão das tropas russas à Ucrânia em 24 de fevereiro. 

Somente em 2021, a União Europeia importou cerca de 140 bcm (bilhões de metros cúbicos) de gás por gasoduto do país soviético.

Além disso, outros 15 bcm foram entregues na forma de GNL (gás natural liquefeito), totalizando assim 155 bcm importados da Rússia ao longo do ano passado. 

Trata-se de um montante que representa cerca de 45% das importações de gás da União Europeia em 2021 e quase 40% do seu consumo total de gás.

O movimento global em prol da descarbonização deve reduzir a dependência europeia pelo produto russo a longo prazo, mas quais ações imediatas precisam ser tomadas pelo bloco para evitar um grave desabastecimento energético a curto prazo no continente?

Esta é a questão que muitos formuladores políticos têm procurado responder.

Investimentos

Em comunicado enviado à imprensa, a AIE (Agência Internacional de Energia) propôs uma série de medidas que já podem ser tomadas pelos demais países europeus para aumentar a resiliência da rede de gás e minimizar as dificuldades para consumidores vulneráveis. 

Entre as medidas listadas pelo órgão internacional, está a implantação de novos projetos de energia solar e eólica, cujas tecnologias, no entendimento da entidade, seriam capazes de reduzir o uso de gás russo no velho continente em 6 bcm por ano – cerca de 3,9% do volume total que foi importado em 2021. 

O comunicado também destaca a importância do continente acelerar o investimento em tecnologias limpas e eficientes o quanto antes. “Quanto mais rápido os formuladores de políticas da União Europeia procurarem se afastar do fornecimento de gás russo, maiores serão as implicações potenciais em termos de custos econômicos e/ou emissões de curto prazo”, destaca o documento da AIE. 

Tarefa complicada 

A AIE destaca ainda em seu comunicado que reduzir a dependência europeia pelo gás russo não será uma tarefa das mais simples e exigirá um esforço político concertado e sustentado em vários setores, juntamente com um forte diálogo internacional sobre mercados de energia e segurança. 

“Existem várias ligações entre as escolhas políticas da Europa e os equilíbrios mais amplos do mercado global. O fortalecimento da cooperação internacional com exportadores alternativos de gasodutos e GNL – e com outros grandes importadores e consumidores de gás – será fundamental. A comunicação clara entre governos, indústria e consumidores também é um elemento essencial para uma implementação bem-sucedida”, pontua a AIE. 

 

Publicado Originalmente no Canal Solar em 2022-03-09 16:18:00